16.4.16

Quando o lugar sufoca

Às vezes rola uma certa confusão mental. Eu abro o blog e vou ler comentários nos meu últimos textos, em seguida percebo como que, de acordo com os comentários, o texto passa todo um tom complicado, pra não dizer triste e confuso. Eu não releio o texto pra pesar isso, mas fica o pensamento na cabeça de "não era pra ser bem assim. não é bem assim". E talvez eu tenha chegado perto de entender o que acontece.

De 4 a 6 dias na semana  eu fico bem. Eu ando por aí, sorrio e acredito que a vida vai ser boa. Danço em frente aos espelhos da casa, enquanto a limpo, me achando linda e pensando que meu cabelo está em sua melhor fase. Canto por aí, sorrio e faço sorrir. Mantenho as good vibes, e são pequenos os momentos que alguma bad ou treta mental me pega. Ignoro os pensamentos ruins e consigo me manter em frente. E bem. Tudo muito verdadeiramente.

Mas então, os fins de semanas chegam. Os domingos chegam. As tardes de sábado nem tão boas e as noites conturbadas chegam. Ás vezes há os feriados. Às vezes há a perspectiva deles serem prolongados. E em quase todas as vezes há 95% de chance de que eu fique em casa.

E nesses dias listados eu me encontro tão frustrada.
A casa sufoca, a família sufoca. As paredes parecem aprisionar e os dias se estendem, as conversas não desenvolvem da maneira certa e costumeira, o abafamento fica pior. As circunstâncias impedem, limitam  e me deixam com um peso no peito. O lugar sufoca. A vida não parece que vai ser tão boa assim. Começa a parecer que não vai ser o suficiente. O riso é triste e dá uma vontade de chorar.

Dá uma vontade de ser alguém diferente, de estar em algum lugar que não esse. De ter uma vida diferente. O coração quer voltar para um lugar que nunca esteve.  Fernweh é a palavra alemã para quando se deseja ir para um lugar onde você não pode ir.  Para quando se sente saudades de um lugar onde nunca se esteve (recomendo a série de palavras da semana do QAMDE). "Fernweh" é uma das palavras que podem ser usadas na tentativa de descrever meus sentimentos nos dias em que preciso não tenho escolha a não ser ficar em casa. 

E com meu sentimento de "I don't belong here" que bate quando estou sentada (não da melhor forma possível) em minha cama lendo uma conversa na manhã de sábado, tendo que suportar o fato de como o quarto tem ficado quente por causa da posição do sol, eu venho até o Luft, sabe se lá porquê, e escrevo. E esses textos escritos em dias mais ou menos como hoje, não captam nada dos dias bons, das pessoas com iniciais iguais que acabam chegando na nossa vida e nos fazem bem, dos dias de riscar nuncas da lista, das conversas animadas...

Depois de escrever eu acabo postando. Não gosto de textos esperando pra serem postados por vários dias. Não gosto de jogá-los fora. E o Luft é pra ser um dos meus " save places" e como diz a Giu, do blog citado ali em cima, aqui lê quem quiser. Não preciso despejar isso em  ninguém. Então acabo postando.

E alguém acaba lendo, talvez comente. E eu vejo esse comentário em um dos dias em que a vida é boa. Ai não entendo mais nada, achando que "não é bem assim", mas é. Só não é todo dia. E nem todo fim de semana é ruim, nem todo dia "normal" é bom. Melhor do que parece, pior do que eu desejaria.

Não sou uma pessoa triste, mas provavelmente já fui mais feliz. E ando mais ou menos do jeito que lê um livro com o trecho "você é mais feliz por fora do que por dentro" e grifa porque acha que tudo ali fala com si mesma. Mas também do jeito que acha muito ruim começar a achar que não está na sua melhor epóca ou que a vida não é boa... Bem, qualquer hora eu escrevo sobre momentos de transição e o não saber quem é. Agora eu vou ver se ainda dá pra fazer essa sábado melhorar porque eu também sou desse tipo.

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