20.3.17

Sobre colheres

Há dias me faltam colheres.*

Faz dois dias que penso em começar a escrever, todos os post envolviam citações que conheci através da newsletter da Anna Vitória. Todas elas eram sobre estar triste.

Nas semanas em que as coisas não estão normais, alguns dias me pegam um após o outro. Depois de três ou quatro deles, eu não sei o que me pegou e porque estou tão não bem, mas sem saber onde está mal.

Eu me vejo com o humor nunca antes tão bagunçado em uma quinta-feira a noite, me pego em lágrima em sexta-feiras a tarde, querendo nunca mais ter que interagir em um fim de semana e continua na segunda-feira. Nessas semanas a terapia por algum motivo é cancelada. Conversas com pessoas que sabem que estou mal me exaurem antes mesmo de começarem, de passarmos dois "oi's".

Não sei se são as noites mal dormidas, a falta de tempo para tudo e, especialmente, para mim. Não sei se são os signos, ou planetas retrogados, algum hormônio, todos os hormônios, a minha vida, qual parte da minha vida.

Alguns dias, às vezes, vários seguidos, são só exaustivos demais. Tristes demais. E não há nada de fato errado, mas não há nada certo. Há algo errado comigo. E eu nunca sei o que é, ou porque em alguns dias é tão difícil deixar tudo normal, realmente me empolgar, realmente rir, realmente conversar.

Realmente viver do lado de dentro.

***
Uma explicação sobre as colheres feita por outra pessoa mesmo que eu tenha lido o livro, porque sim:
*"A Teoria das Colheres me foi apresentada pela Jenny Lawson, em Alucinadamente Feliz. Ela diz que foi sua amiga quem a inventou. Funciona mais ou menos assim:
'A maioria das pessoas saudáveis tem um número aparentemente infinito de colheres à sua disposição, cada uma representando a energia necessária para uma tarefa. Você se levanta de manhã. Isso é uma colher. Você toma um banho. Mais uma colher. Você trabalha, limpa, brinca, ama, odeia, e lá se vai uma montoeira de colheres... Mas, quando somos jovens e saudáveis, ainda temos colheres sobrando ao deitarmos esperando pela próxima entrega de colheres na manhã seguinte.
Mas, se você está doente ou sofrendo, sua exaustão muda você e o número de colheres que tem. Doenças autoimunes ou dores crônicas como as que tenho por causa da artrite eliminam colheres. Depressão ou ansiedade eliminam ainda mais. Pode ser que só restem seis colheres para se usar em um dia. Às vezes menos ainda. Aí você pensa nas coisas que precisa fazer e percebe que não tem colheres o bastante para fazer todas elas. (...) Pode fazer tudo que as pessoas normais fazem por horas, mas acaba batendo num muro e cai na cama pensando "eu queria parar de respirar por uma hora porque esse negócio de inspirar e expirar é exaustivo.'
" - Anna Vitória (No recreio)
Uma citação: 
"Minha mãe sempre me falou que ser triste é muito fácil – basta não fazer nada. Ela tem razão. A felicidade e o bem-estar são coisas que exigem um esforço constante da gente." - Clara (Só quem é clarividente pode ver)