O Luft é um blog pessoal e eu andei contando muito dos meus dias aqui nas férias, em janeiro, mas tenho a sensação de que não falo tanto assim de mim. Não há textos desabafos, os desabafos às vezes aprecem no meio dos textos, mas nunca um só deles. E não, esse não é um texto desabafo, ou não é pra ser, mas eu estava no twitter e vi o Felipe falando sobre feminismo, e ontem eu li textos bacanas e de pontos de vistas diferentes, bem diferentes, sobre o movimento também. Mas de volta ao twitter, eu acabei fazendo textão para falar com o Felipe, e depois fui pular corda e tomar banho e fiquei com um monte de pensamentos rodando na minha cabeça sobre o tema. Coisa que tem acontecido bastante nas ultimas semanas. E o texto que pretendo escrever talvez seja só um paragrafo, mas ainda que seja um com vinte ele não abordará todas as minhas opiniões, ou falta delas. E minhas contradições, ou as situações que já tive. É só de um pedacinho presente em mim agora.
Eu sou feminista.
Feminista é a pessoa que acredita na equidade politica e social independente de gênero. E eu sei que o movimento tem muito mais coisa que isso, mas a minha base é essa. E eu já disse em um texto antes que eu era feminista muito antes de saber que era. Porque eu sempre fui meio revoltada com gente dizendo "não pode porque é menina" e outras cositas aí. E já passei por momentos, no ultimo ano ainda, sem saber se eu queria continuar sendo feminista porque às vezes é difícil, e nunca é fácil.
Mas eu descobri muita coisa por aí, fugir da bandeira não ajuda. E tem muita coisa em baixo dessa bandeira. E eu não vou dizer concordo com tudo porque não concordo, mas eu tô ficando sobre a bandeira na parte em que eu me identifico.
E eu escolhi não deixar de ser feminista. Não deixar de me intitular feminista.
Eu escolhi o feminismo que eu vivo.
E às vezes eu falho, e às vezes eu reproduzo merda, mas eu tô tão melhor do que eu estava antes de me aproximar do movimento. E eu devo ter sorte porque me aproximei do movimento e em 98% do tempo estive em contato com gente que pratica o feminismo que eu acredito. Gente que respeita e luta pela liberdade acima de qualquer coisa. E às vezes essas pessoas falham também, e todo mundo falha, mas a gente falha tentando fazer melhor. E eu acho lindo.
É uma evolução constante. É todo dia.
E cara, seria mais fácil me afastar. seria mais fácil tentar não ver o que uma cultura machista faz todo dia contra tanta mulher por aí, afinal só o que a gente acaba tendo que ver na nossa frente e ouvir todo dia já é barra, mas eu decidi ficar. Nem é algo que eu conseguiria ignorar. Ficar e ir no meu tempo, do meu jeito fazendo o que acho certo e melhor pra mim e pra quem me cerca.
E pra mim, e agora com ajuda de outros, eu sei que o que eu acredito se resume em liberdade e respeito. E não ser obrigada.
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Mas o que realmente me trouxe aqui - o que tava rondando na minha cabeça té eu começar a escrever- foram os batons, e as maquiagens e os brincos e sei lá mais o quê. Eu não sei se tem aluma feminista por aí dizendo que isso não pode, mas eu acho difícil demais. O que eu acho é que não estamos nos compreendendo. Provavelmente já acharam que eu disse que usar essas coisas é errado ou uma coisa louca dessa. Mas o que eu tava dizendo é, ninguém tem que ser obrigada a usar isso se não quiser. Porque seria? pra agradar? pra agradar quem? por que você teria que agradar alguém?Sabe, quer usar, então se esbanja (não, ninguém precisa que eu diga isso pra que seja ok), não quer tá ótimo também. Tá tudo ótimo se ninguém for obrigada e se ninguém quiser me obrigar porque aí eu não aceito. Me revolto, grito se precisar e vão me chamar de grossa quando eu só tô tentando defender meu espaço e não deixar que ninguém me desvalide. (é engraçado como eu já fui chamada de grossa ou de errada quando eu só tava era me defendendo).
às vezes eu gosto de usar batom. às vezes não. às vezes eu quero me maquiar, meio mal porque não aprendi a fazer isso certo, às vezes não. Eu já furei a orelha duas vezes, hoje não gosto mais de usar brincos. E tudo ok. E eu vou usar o batom se eu quiser e vou berrar se alguém quiser insinuar que tô usando pra impressionar alguém ou a merda que for. eu tô usando porque eu quis. (isso saiu poque aconteceu recentemente). Cada uma faz o que quer.
E todo esse assunto me fez pensar em algo que tem sido presente na faculdade. Tô sem saco pra explicar todos os acontecimentos, até porque nem sei se são importantes. Mas gente, eu não tenho nada contra maquiagens, comportamentos delicados e sei lá o quê. Se a guria é assim, tá ótimo. O que tem é um prolema meio recorrente. Muitas dessas gurias é as que viram pra mim e dizem, você deveria ser mais delicada, menos grossa, falar mais baixo, sentar mais bonito, se maquiar pra sair. usar salto... É muito revoltante. E tem horas, bem nessa hora que elas dizem, deveria e às vezes se queixam do salto, mas sabem que devem usar que eu fico perdida, porque fico tentada a perguntar, "quanto disso é você?"
Eu não pergunto. Nunca pergunto, porque eu não quero parecer que tô tentando desvalidar alguém. Ou parecer que to dizendo, não é possível você ser assim é culpa disso e daquilo. Eu só digo que "não, eu não devo nada". E sempre digo que ninguém tem que usar isso ou aquilo se não quiser.
Eu só tento não deixar que me desvalidem.
Não ser obrigada é o meu lema. Vocês sabem.
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E eu tava pensando em uma amiga, não vou citar o nome dela aqui porque não sei se ela gostaria de ser citada, mas ela vai saber quando estiver lendo que é dela que tô falando. Mas ela se aproximou mais disso tudo não faz tanto tempo. E às vezes ela ouve coisas que soam agressivas, ou falam como se tivessem desmerecendo a opinião dela e me dá um medinho disso fazer ela se afastar. Porque é tão importante pra ela, e pra tanta menina que ela não se afaste. E dói também toda vez que eu vejo uma menina/mulher indo contra o feminismo por causa dessas coisas. E não tô dizendo que não entendo, que não respeito, mas dói um pouquinho. Parece mais uma "luta" perdida. E dói um pouco também porque eu sei que ela vai ter que ouvir merda de gente que ela gosta quando ela for defender algo que "as feministas falam". Quando ela for dizer "para de chamar a outra de puta. não é legal.", por exemplo.
E também eu fico com um pé atrás dela achar que eu tô subestimando ela. Não tô, pelo amor de Deus. É que eu tenho esses instintos de ás vezes querem abraçar e proteger do mundo gente que eu gosto. E ela sabe disso porque ela é linda assim.
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Se eu falei algo que você não concorde, se eu soei agressiva, se eu soei errada, vem, vamos conversar, tudo educadamente e com todo o respeito.
*To escrevendo esse comentário enquanto to super atrasada, mas ok*
ResponderExcluirMiga do céu. To chorando. Serio.
Eu tenho pesquisado sobre o feminismo nesses dias que andei fora do ar, aproveitei o dia da mulher para ler várias coisas, mas nada e nenhum desses textos me tocou igual ao seu. Talvez seja por que te conhecço (?), porque de certa forma sou aquela que faz altas merdas ainda, talvez por realmente tem você ai, suas emoções. Não sei o que, mas quero que saiba que estou te aplaudindo de pé. É tão importante ter alguém que pode mudar o jeito de outras pessoas verem o mundo e saberem que feminismo é muito mais sobre uma sociedade do que só para as mulheres com unico texto.
Helena obrigada.
Obrigada pelo texto que vou dividir com as minhas amigas, com a minha familia, com o mundo. Por que as pessoas precisam ler. Precisam ver que temos pessoas como você, e que precisamos estar todos juntos nessa luta.
Obrigada, obrigada, obrigada.
Não desista nunca. Estamos todas juntas nessa luta.
não deixe o Luft te atrasar, assim!
ExcluirNossa o dia da mulher trouxe e sempre traz bastante texto a tona. Eu nem sei como responder você, Dani. Mas eu quase chorei também aqui lendo e tô feliz. E é tão bom estar assim porque esse ultimo mês tá sendo tão doido. Então, obrigada por vir aqui e comentar.
Nossa com o mundo? DEUS. Acabou-se o anônimato ahahhaha
Estamos juntas. vamos juntas. <3