A UNESP
No meio do primeiro semestre de 2015, lá pra março por aí, é ali já no meio do segundo tempo pra escolher as opções nas inscrições dos vestibulares, eu não tinha ideia do que eu queria, e desde que tinha voltado as aulas, em fevereiro, todo santo dia alguém falava de ENEM, vestibulares e faculdades, eram os professores dizendo que tínhamos que escolher, tínhamos que saber, era o nosso futuro etc. Tava chato, e aí quando vi eu tava meio perdida porque me dei conta de que "nossa não sei o que quero fazer.". Então fui atrás de tentar descobrir. E olha, pode me mostrar qualquer teste vocacional que você achar nas internets da vida que a probabilidade de eu ter feito ele, é grande. Só de me mostrar também já sei dizer pra você, pobre mortal, se é um daqueles meia boca ou não.
E um desses testes (não consigo saber qual), acho que um dos últimos que fiz para descobrir e não pra confirmar, como última opção me apresentou um curso chamado "Tradução".
"Tradução?! É o que tô achando que é!!?"
*joga no google*
*lê um pouco no guia do estudante*
*pesquisa faculdades boas*
*acha a UNESP.*
*vê que o campus é perto*
*MORRE*
ERA A RESPOSTA PRA TUDO, MIGUES!! Um curso que parecia muito bom, que eu gostaria de estudar. Na UNESP. Na cidade há DUAS HORAS daqui. Sendo o melhor do país. Eu tava no chão. Ainda era com DUAS opções de línguas (o único que vi até hoje assim), escolhidas de acordo com sua classificação no vestibular. Não foi difícil pra mim saber que eu queria Inglês e Espanhol e não Italiano e Francês. Se eu passasse moraria fora, mas não tão longe. Era perfeito. PERFEITO. O meu presente de Deus!
Fui atrás de informações, coloquei aviso no celular pra não perder a data de inscrição de jeito algum e aguardei ansiosamente pelo dia 14 de setembro
E sonhei.
Claro que não ficou só nisso, porque gente eu tinha 16 anos, quem sabe exatamente o que quer com essa idade? E também tinha a famigerada realidade pra lidar. Ninguém vai entrando tão fácil assim na UNESP, ainda mais quando não se estuda e mesmo estudando pode dar ruim. (pelo menos em minha defesa eu passei a prestar mais atenção nas aulas).
Por isso eu sabia que eu ia prestar o vestibular pra UNIFEV, Centro Universitário daqui de Votuporanga (uma hora de distância da onde moro), que é particular. Então caso não rolasse UNESP eu tinha pra onde ir. E pra isso eu precisava saber o que colocaria de opção de curso.
Depois de pensar um pouco decidi que colocaria Letras, porque quando estivesse formada podia fazer especialização em tradução (aqui só tem licenciatura). E porque já sabia que jornalismo não era uma opção pra jovem aqui que não queria trabalhar fazendo notícia.Só que tinha um probleminha. Dois na verdade. "minha filha, mas com você não tem jeito, hein?" você aí deve tá pensando. E olha, sou complicada e indecisa mesmo, mas a culpa não é minha se curso nenhum era meu sonho.
Eis os probleminhas: Não queria de jeito algum dar aulas. Huhum. Nem pensar. Deus me livre. "ah, mas você não disse que ia fazer especialização, depois?" Disse, mas ia ter que dar aulas nesse meio tempo de um jeito ou outro pra me formar e depois pra ter dinheiro pra sobreviver.
E o outro probleminha, era que bem...~voz baixa envergonhada~ eu não queria tradução tanto assim, não pra fazer Letras - licenciatura, não pra fazer especialização depois.
*começa mais dramas*
Tinha motivos, claro. Trabalho muito com lógica e tinha motivos. Um era que emprego de tradução pra mim se resume a editoras, porque é algo que gostaria de trabalhar, e editoras são em São Paulo ou Rio de Janeiro e eu não quero morar em cidades tão grandes assim. Minha tristeza que São Paulo seja a cidade onde as coisas acontecem. </3
Estudar em período integral também me desanimava/desanima muito, mas não se pode fazer nada quanto a isso, então vou sofrer em silêncio.
O que ficou foi que não, letras, não era pra mim e nada faria ser. Minha sorte foi que eu poderia mudar minha opção na hora da matrícula porque na inscrição pro vestibular eu já tinha colocado Letras (nem pergunte). Thank's Jesus!
Só pra registrar, mesmo essa época (entre descobrir a UNESP e prestar os vestibulares) também teve algumas reviravoltas. Era um vai isso vai aquilo sem fim. e com gente dizendo coisas como "você devia fazer engenharia, cê é inteligente, algo que dá bastante dinheiro" "cê tem cara de jornalista" "cê vai gostar de Letras, sim. Tem inglês que você adora." Bem por aí. Mas que nem vou detalhar porque foi perda de tempo.
Hoje olhando em retrospectiva muita coisa não fez diferença, muitos "conselhos" que me deram sem permissão, só tomaram meu tempo. E tem coisa que nem lembro direito. Mas a gente tem muito disso, mesmo, de se desesperar por coisas que, no plano geral, não fazem diferença alguma. Claro que faculdade faz um pouco e a gente acha que faz toda a diferença quando as pessoas te dizem que é o teu futuro, tua profissão pro resto da via, é 8 ou 80, e essas coisas quase toda semana. Não é bem assim, e tudo bem porque a gente nunca sabe o que não faz diferença na hora que tá lá passando pela situação.
Se alguém que tiver lendo isso aqui estiver atrás de algum conselho que vai mudar a vida e tirar do drama que pode estar vivendo, provavelmente não vai ter, sinto muito. Quando resolve um aparece outro. Mas só pra dizer que não tentei e que só falei e falei aqui coisas que não fazem diferença mais... Eu diria pra você ir pelo seu tempo. Vê suas opções, faz o que você acha que ficaria feliz estudando e trabalhado depois. Não pro resto a vida, não precisa dessa pressão, mas provavelmente por um tempo. E aproveita o Ensino Médio com as outras coisas boas, e os intervalos entre um professor ou outro falar disso novamente. Assiste um filme, lê um livro, esfria a cabeça. Aproveita!
Não, não tô dizendo pra deixar pra última hora, porque vai que você descobre que o que você queria era naquela faculdade pública e ai o vestibular já passou, mas se acontecer da vida só te deixar descobrir isso tão tarde, ainda tem os vestibulares de meio de ano. Talvez seja uma opção pra você. E se for, faz o que achar melhor pra ti. Sempre. E tudo bem uns desesperos, às vezes, porque não temos controle, mas não deixa se resumir a isso.
E por último e mais importante:
"fique viva" |
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Acho que o principal sobre a UNESP é que ela não era só um sonho maravilhoso e distante. Ela era um sonho possível. E claro que assim como qualquer outra faculdade que chegou a me fazer sonhar (olá, UFRGS e UFMG) representava toda uma nova perspectiva pra mim.
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Agradecimentos pelo gif ao João. Se não é ajudando com os dramas em si é com os post ahahaha <3
Que post amor!
ResponderExcluirTo adorando ver em você todos os dramas que eu tenho dentro de mim. É tão esclarecedor ler tudo isso... Estou me sentindo em casa! <3
Dani você que é um amor <3 Vamos nos abraçar e viver esse drama juntas hahaha
ResponderExcluirObrigada por todos esses comentários aqui, eu nem sabia que alguém estava realmente lendo isso. Fico feliz que você esteja achando esclarecedor e muito satisfeita também. Porque tem horas que dá um desanimo de fazer... ahahah
Que amor vc dizer que tá se sentindo em casa aqui lendo algo que eu, mera mortal, escrevi no Luft :')))
Um negócio que eu definitivamente odiava no 3º ano: Todo mundo falando de vestibular o tempo todo. O único assunto dos professores, família, amigos. Ugh.
ResponderExcluirE os conselhos: todo mundo tem opinião sobre seu futuro. É enlouquecedor e é uma decisão que precisa ser só sua. A fase de vestibulando é uma das piores da vida e eu concordo plenamente com você: os seres humanos precisam relaxar um pouco durante essa fase ou vai endoidar de vez. Já pensou o que aconteceria se o mundo fosse dominando por um monte de vestibulandos estressados? Porque eu to considerando essa possibilidade? Eu divago demais